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terça-feira, 20 de março de 2012

Uma ciclovia incomoda muita gente ?


FOTO:ururau.com.br
Uma ciclovia incomoda muita gente ? é esta a pergunta que faço nesta postagem.
Recebi um Email do meu amigo Claudio Santos Presidente da FECIERJ (Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro )este Email me chamou a atenção a materia escrita por uma pessoa que eu considerava conceituada ate então,ele desce a marreta em quem utiliza suas bicicletas e as ciclovias construídas na Cidade do Rio de Janeiro segue abaixo na integra postada por Artur Xexeo em seu Blog aqui http://oglobo.globo.com/cultura/xexeo.

Amigos ciclistas,
Peço a todos o máximo de atenção e ajuda, para que possamos dar uma resposta a este Senhor egoísta e desumano que escreve uma coluna no Jornal O Globo... O nome do cidadão é Artur Xexéo, por favor, nos ajudem, enviem um e-mail resposta para axexeo@oglobo.com.br
Juntos vamos mostrar a este cidadão a força dos ciclistas cariocas. Juntos podemos mais!
Claudio Santos
Presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro
Rua Barão do Amazonas, nº 263/sala02 - Centro - Niterói - RJ
Telefones: (21) 8870-1833 / (21) 8448-6566 / (21) 2707-6700 / (21) 2620-6566 / Radio 120*14997
Website: www.fecierj.org.br
e-mail: presidentefecierj@gamil.com

O texto escrito pelo Artur Xexeo
Faço parte da cada vez menor parcela da Humanidade que não identifica marcas de carro. Depois que o Fusca saiu de linha, não sou capaz de reconhecer carro algum. Não dirijo, não sei dirigir e não tenho mais tempo de aprender. Talvez por isso, a questão que hoje mobiliza o planeta e transforma o automóvel no grande vilão do século XXI não me sensibilize. Também não sou adepto da seita que acredita na bicicleta como o transporte do futuro. Entre o veículo de quatro rodas e o de duas rodas, só me adaptei ao velocípede, um transporte seguro cujas três rodas formam o perfeito equilíbio entre a instável bicicleta e o incontrolável automóvel.

A esta altura o leitor deve imaginar que utilizo muito os transportes públicos. É verdade, mas tenho que admitir que, neste capítulo, meus favoritos são o elevador e a escada rolante. Com restrições. Até tem uma estação de metrô a quatro quarteirões de minha casa, mas ela não me leva a lugar algum. Ônibus... bem, como morador da Zona Sul, não tenho do que reclamar. Mas faz tanto tempo que não entro num ônibus que ainda me surpreendo quando percebo que, atualmente, as pessoas entram no ônibus pela porta da frente. Tecnicamente, o táxi é um transporte público. Mas na luta pelo desenvolvimento sustentável, o táxi também é vilão. Assim, mesmo sem ter qualquer intimidade com veículos automotores, acabo sofrendo as mazelas — os engarrafamentos, a Lei Seca, a poluição — de quem ainda é usuário do automóvel. Vou de táxi no meu dia a dia.

Todas as manhãs, pego um táxi na Figueiredo Magalhães, atravesso o Túnel Velho, desemboco na Real Grandeza, viro à direita na General Polidoro e, quando chego na São João Batista, decido se continuo em Botafogo, em direção ao Túnel Santa Bárbara, ou se desbravo o Humaitá, a caminho do Túnel Rebouças.
Os dois percursos me trazem ao GLOBO, onde travo este diálogo com 17 leitores. Acostumei-me a fazer estes caminhos sem maiores percalços. Quer dizer, até alguns meses atrás, quando, na sua sanha para expulsar os automóveis da cidade, o prefeito Eduardo Paes criou uma ciclovia na Real Grandeza, bem na
saída do Túnel Velho. Desde então, participo de engarrafamentos constantes. Eles começam no sinal da General Polidoro, continuam túnel adentro e vão até a Figueiredo.

Ainda não entendi a lógica de tal ciclovia. Ela me parece incompleta. Não descobri de onde ela sai. Será que vão fazer um trecho dentro do túnel? E, por enquanto, ela termina no cruzamento com a General Polidoro. Se está mesmo incompleta, estão demorando muito para concluí-la. Ela só existe à beira do muro lateral do Cemitério São João Batista. Faz meses que está lá, e eu ainda não vi um só ciclista utilizando-a. Ao eliminar uma das pistas para carros da Real Grandeza (eram três), ela até agora só serviu para engarrafar o trânsito
num trecho que nunca teve engarrafamentos (a não ser em dia de enterro de bacana).

Isso não deve preocupar a Prefeitura. A ideia é exatamente esta: desestimular o carioca a ir de carro para o trabalho. O cidadão do futuro deixa o carro na garagem e pedala até o escritório. Quanto mais engarrafamentos forem criados, mais esta ideia será executada. Será? Já testemunhei os bons resultados de tal alternativa em... Berlim. Na cidade alemã, é muito comum encontrar carros dividindo a rua com ciclistas de terno e gravata. Mas há uma grande diferença entre Berlim e o Rio: o verão. Enquanto o berlinense é suave como um fim de outono, o carioca é quase desesperador. Não é por acaso que, por exemplo, a frota de táxis do Rio incorporou na sua quase totalidade o ar condicionado, enquanto em São Paulo — para não ir tão longe como a uma cidade europeia — o aparelho ainda é raridade. O Rio exige clima artificial de montanha até no trânsito.

Resumindo: por mais paradoxal que isso pareça, com toda a sua natureza exuberante, o Rio não é uma cidade que estimula o ciclismo. Ou melhor, aqui vale o ciclismo, sim, mas ligado ao lazer. Bicicleta como alternativa de transporte é quase ridículo. Alguém pode imaginar um contador que mora em Botafogo (para tentar encontrar alguma utilidade na ciclovia do cemitério) indo de terno, gravata e bicicleta para seu trabalho num escritório da Avenida Rio Branco, sob um sol de 40 graus? Ele tombaria desidratado antes de chegar à
Praia do Flamengo.

Ciclovias no Rio combinam com beira mar, Aterro do Flamengo, entorno da Lagoa e qualquer área de lazer na cidade. Mas não têm nada a ver como alternativa para o principal meio de transporte do cidadão. Se quer diminuir o número de carros que estão transformando o trânsito do Rio numa São Paulo menos rica, a prefeitura deveria cobrar do Governo do Estado uma real melhoria dos transportes públicos, o que significa linhas de ônibus mais racionais e mais confortáveis, metrô de verdade, trens minimamente dignos e bar-
cas seguras. Sair quebrando asfalto para inaugurar ciclovias em qualquer lugar só está contribuindo para aumentar o caos no tráfego. E para fazer propaganda de banco, é claro.

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